terça-feira, 24 de novembro de 2015

Paquetá

No final de outubro combinamos nosso passeio especial: Paquetá.
Uma ilha no Rio de Janeiro com um clima bem tranquilo, afinal não tem carros passando por suas ruas de terra nem buzinando enlouquecidos para avançar sinais.

Um alívio para os ouvidos e corações tão embotados de cidade grande. Lá conseguimos relaxar, ouvir os passarinhos, abraçar um Baobá, andar de charrete,  ficar simplesmente contemplando as árvores e sentindo a brisa. Um privilégio.

Por isso levamos as crianças para experimentar esse outro ambiente.  E elas aproveitaram cada pedacinho do lugar. Como sempre.

O início já foi uma aventura diferente, pois nos encontramos todos pela manhã (diferente do nosso horário habitual) na estação das barcas da Praça XV. Correria, despedidas dos pais, certificação de que todas as mochilas estavam indo, risadas. Entramos na barca nova, super aconchegante e boa pra ver a paisagem. Apenas um janelão de vidro separava as crianças do mar. Elas ficaram ali olhando a espuma, observando a paisagem que se afastava e a outra que se aproximava, vendo os barcos, dando tchau para os pescadores. Falando sem parar iam construindo seus trajetos. Quando passamos em baixo da ponte Rio-Niterói foi uma alegria de gritos. "Uau! Como é grande!", " Tem ônibus lá em cima." Mil exclamações. Como a barca é nova e o trajeto está mais rápido,  quando menos esperamos já estávamos lá.

Fomos andando até uma pracinha na frente do mar, cheia de árvores e silêncios. No caminho cada criança foi no seu tempo, correndo em dupla, parando sozinha para contemplar um bicho ou pegar um flor, andando de mãos dadas entre elas ou com algum adulto. O percurso teve um tempo longo e seguro. Não precisamos em nenhum momento impedi-las de fazer algo. A rua é o espaço seguro de Paquetá.

Brincamos, subimos em árvores, fizemos "trilhas", descobrimos túneis, conhecemos cavalos e ganhamos cheiros deles, descobrimos túneis de verdade, sentamos para contemplar o mar, conversamos, andamos de charrete, almoçamos na pracinha, jogamos pedrinhas no mar, brincamos de castelo no mirante do parque...

Teve choro também. Soninho chegando, implicâncias por conta de um papel especial, espinhos nos pés, até dor de ouvido e correria pra achar um analgésico teve, mas tudo isso faz parte de estar no mundo. Teve muito companheirismo entre eles. Ajuda pra dar comida, pra fazer a trilha do parque, pra fazer entender algum combinado, pra acolher a dor.

Uma tarde ampla, mas a barca tinha hora e precisamos interromper a magia pra voltar pra casa. Todos exaustos e com as bochechas vermelhas.

A caminhada até as barcas foi longa porque foi lenta... Buscando sombra e flores chegamos. Achamos que eles iam dormir na volta, mas que nada, voltaram falando pelos cotovelos e felizes da vida comendo biscoitos.

Esperamos que eles guardem essa sensação de liberdade e não aceitem nunca viver sem ela.
Esse passeio só foi possível porque, além da educadora, mais três pais/mães se disponibilizaram a concretizá-lo.
Essa Casa Escol só é possível porque somos famílias corajosas (pra não dizer loucas) que acreditam e mudam toda sua rotina em cima da hora pra acolher nossas programações malucas e gostosas.
Gracias a la vida!

 








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