Relatos

Aqui nós guardaremos nossas afetações diárias:


Perspectivas diferentes de cada pai/mãe nesse encontro com as crianças e a certeza de que nem sempre é fácil e fluido.

"Bom, a minha visão é apenas de um dia só, e dos momentos breves (mas infinitos oooo) quando pego ou levo a Poli. Pra mim é sempre uma delicia chegar lá no castelo ou aonde for, são minutos de calma. E mais, quando o tempo é prolongado no dia todo. Havia passado um mês desde que não ia e foi muito bom pra mim. Quando a gente sai do Brasil, reconheço em Poli muitas coisas do coletivo, (e claro do Rio também) que acredito vem do trabalho diário do coletivo e da Geisa, que acho que é tentar respeitar eles como seres do universo, tentando não lhes impor o que já está imposto. Acho que a partir do encontro diário com as questões praticas e com as crianças estamos constantemente refletindo e nos auto- educando e assim, sendo mães, pais e educador@s. Nunca sei como responder as perguntas que eles fazem. Se isso é para adultos ou para crianças, porque não gosto dessa divisão, ou falar vc não pode porque é criança. Tampouco reparo muito quando me falam: 'olha o que consegui fazer'. Quando me pedem para olhar o que conseguiram fico sem elogiar, e quando falam: 'não consigo' tento não ajudar e esperar eles fazer sem pensar se conseguem ou não conseguem." (09/15)


"Realmente os dias na Casa Escola são os dias mais lindos e intensos do meu relacionamento com minha própria filha, é uma das coisas que mais agradeço ao projeto. Uma das coisas que mais valorizo neste momento, é o vinculo que a gente está conseguindo criar entre nós e as crianças. Pode ser que o Raul vire empresário, astronauta, ou artista, não sei... só sei que naquele momento depois dele cair, ele precisava da gente, eu peguei ele, dei um abraço, falei que tudo ia ficar bem, fiz um carinho nele. Daqui para frente o Raul e todas nossas crianças vão cair algumas vezes, mas eu quero que saibam que nós estamos ai para mimar elas, dizer que tem que ser valentes e que tudo vai ficar bem. Enquanto isso a Iaiá ficou um bom tempo pendurada no balanço sozinha, depois brinquei com ela e o Vicente de pega pega."(03/15)

"Eu me sinto muito bem com as crianças, sinto uma mudança enorme da Antonia nesse espaço e na relação comigo, acho que eu mudei também que eu estou dando mais espaço para ela, mais tranquilidade, tenho que levar isso para casa porque devo confessar que estou muito chata, esse ano para mim foi muiiitooo difícil, ano de muita paciência e aceitação, de entender que cada coisa tem seu tempo e que “forçar a barra” só piora as coisas." (nov/14)

"Dia difíiicil... Ela não quis comer nem beber suco e ficou ficou muuuito triste quando descobriu que o coelhinho de dormir não estava na mochila. Ela ficou alternando entre os momentos que dava uma relaxada e novo chororô quando qualquer um dava um implicada básica. O clima geral não estava favorecendo. O dia estava bem frio mas conseguimos passar alguns momentos do lado de fora, brincando com o bambolês e carrinhos. Levei um boneco 'joão bobo' pensando no Vicente ter algo pra extravasar a energia. No começo Raul ficou chateado de emprestar. Cada um queria levar consigo o boneco, montar nele, mas depois fomos criando uma brincadeira conjunta com ele no centro e cada um empurrando numa hora. Enfim, foi um dia em que fazia de tudo pra mudar o foco, contornar um as situações mas parecia a estória do jacaré: não resolvia... Quando um melhorava, outro detonava novo processo. Mas teve final feliz: Alê chegou cedo, Andres e Marcos também vieram logo. Daí Luana chegou com um bolinho e chapeuzinhos de aniversário pra cantar parabéns pra mim! : ) A maioria agora com seus pais, ficaram mais tranquilos, gostaram de ter festinha e comeram bolinho. Ufa! Dia intenso, mas até que achei que já estou passando por isso com mais tranquilidade. As vezes ainda fico com foco errado, mas sinto que estou deixando eles me afetarem menos internamente. Estou criando segurança de estamos fazemos o possível e tem horas e a conjuntura não permite ser diferente mesmo." (08/14)
    
"Era a primeira vez em minha casa e eu estava feliz e um pouco ansiosa. Todos começaram a explorar o ambiente e descobrir os brinquedos da casa. Mas as coisas começaram a ficar mais difíceis (para mim, pelo menos), pois minha filha não queria mais sair do meu colo e ainda se mostrava ciumenta com suas coisas e brinquedos. E, não sei por onde, os conflitos começaram. E eu não conseguia ajudar muito, pois ela estava grudada em mim. Leo precisou tomar conta das coisas e se virou bem, sempre usando o "aqui a gente não bate" "aqui a gente não empurra" e sempre muito atencioso." (10/06/14)

"Depois fiquei com eles brincando na área. Rolaram alguns conflitos leves  e uma mordida forte. Tava ouvindo o diálogo de longe. No começo uma conversa engraçada, depois uma implicância leve, depois gritos. Cheguei bem na hora que tinha acabado de rolar a mordida. Muito choro. Mostrei a mordida e perguntei porque tinha feito aquilo. Ela disse que queria ficar sozinha. Expliquei que não mordemos ninguém e falei que quando quisesse ficar sozinha era só ir para outro lugar. Voltei pra acalmar o sofrimento exagerado que ele anda sentindo nas últimas semanas. Ela viu e falou que não ia morder mais ele que queria pedir desculpas. Falei para ela vir pra perto da gente. Ela veio beijou ele e disse que não ia mais fazer." (11/06/14)

"Tentei praticar: o Aqui a gente não.... Não antecipar eventuais acidentes com o Raul podando ele, mas estar ao lado dele amparando quando necessário; Colocar a mão para apartar conflitos/delimitar espaços; Mas é muito difícil romper com padrões que temos!
E fiquei pensando que uma coisa é o jeito de cada um (falador, calado, paciente, brincalhao...) outra coisa é como cada um de nós se apropria de tudo que temos conversado e age a partir disso...mais uma vez: muito dificil romper com padrões... Eu estava sem ir na escola faz um tempo, tenho estado em contato com a nossa teoria ....A pratica é tão mais complexa..." (07/14)




Encontro Casa Escola e A si fon fon


Em abril (2015) tivemos uma tarde diferente. Na realidade todas são, mas nessa tivemos a visita-surpresa-por acaso do Coletivo A si fon fon. Uma criançada danada junta!

Ale trouxe umas fitas coloridas e estávamos na frente de casa brincando de fazer tranças para as crianaças quando passou Helene com uma cuidadora e quatro bebês. Nós a convidamos pra entrar e foi incrível. Primeiro os bebês estavam achando esquisito aquela parada, pois nunca tinham entrado nessa casa e também porque estavam no caminho do Benjamin, com seu jardim que já faz parte da rotina deles. Aos poucos foram sendo bem recebidos por nossas crianças.

Montamos o túnel e as crianças começaram a ensinar para os bebês como se fazia o percurso. Helene avisou que estava esperando uma amiga da Ana Thomaz que queria conhecer seu coletivo e perguntou se ela podia vir também. Falamos que sim e de repente já estávamos com mais Sara e o marido e seus dois filhos, um de 2 anos e o outro ainda na barriga. Muita informação! E nossas crianças estavam disponíveis para o encontro sendo fofas e atenciosas. Uma ajudou os amigos a entrarem no túnel, a outra ficou fazendo carinho e falando que tinha uma irmã bebezinha também. E aos poucos o diálogo  foi se construindo.

Muita criança junta!  A casa ficou meio confusa, toda hora cruzávamos com um passando em baixo da perna, com um grande lavando as mãos sozinhos, adultos providenciando o lanche, os menores abrindo potinhos... Movimento.

O lanche foi compartilhado na nossa mesa e na esteira ao mesmo tempo que tentávamos conversar sobre nossas histórias e desejos. Um dos bebês que come muito quis se sentar na mesa dos grandes e ficou super a vontade, comendo o seu lanche e o lanche dos grandes. Nossas crianças ajudando o tempo todo. O filho da Sara também ficou conosco e independente parecia que já era do nosso grupo. Sentou, gesticulou dizendo o que queria, ficava prestando atenção na dinâmica e tal. No final os grandes já satisfeitos começaram a se aproximar da esteira e ver como os pequenos estavam lanchando. Muitas perguntas, olhares, curiosidade...

Rolou uma agitação gostosa. Em alguns momentos as crianças maiores ficavam mostrando os brinquedos, apresentando brincadeiras e em outros ficavam quietas olhando o que interessava aos menores. 

E assim foi nosso encontro. Surpresa e alegria. Que venham outros!






02/setembro/14
Museu da República + casa da Manu

Fomos passear, brincar e lanchar juntos no Jardim do Museu da República, mas tivemos um presente lindo no final da tarde quando as crianças estavam passeando por uma das alamedas. Segue um trecho do relato do Leo:
"Depois um senhor que estava sozinho em um banco próximo tirou um cavaquinho e começou a afinar. Me aproximei com Raul e ficamos por perto. Aos poucos ele foi começando a tocar e depois juntaram todos e ele se animando. Se desculpou pela voz, falou de um AVC, mas era todo animado e ficou todo bobo com as crianças. Cantou várias músicas que todos conheciam, cantamos e dançamos juntos um monte."

Foi lindo! Um momento de alegria e troca que só foi possível de acontecer porque estávamos fora de casa e abertos para os encontros. As crianças aproveitam muito esses momentos. Conversam, contam quem são, fazem perguntas, interagem de verdade.

15/agosto/14
Biblioteca Parque Estadual






Nesse dia as crianças ficaram muito tempo desenhando na parede. Detalhe para os dois primeiros desenhos, ambos feitos por Manu: o primeiro sou eu (Geisa) e o segundo é ela! LINDO! Ela terminou de desenhar e eu perguntei: "Que isso Manu?" Ela responde: "É a Manuela." 



04/agosto/14
Casa da Poli

Relato Gabriel: "Depois do Lanche eu tive a idéia de ir na pracinha, no meu entusiasmo achei que dava para levar 5 crianças com 2 adultos (não estou lendo todos os relatos, nem escutando direito nas reuniões). A gente quase chegou até o Guimarães e desistiu. Todo mundo estava tranqüilo, indo pela calçada, mas ficamos com um pouco de medo quando todos queriam colo. As crianças sentem quando a gente fica nervoso e elas ficam mais nervosas ainda, não adianta gritar ou ficar tenso, eles só têm dois anos, não entendem nem sentem da mesma forma que a gente. Voltamos todos meio chorando, e quando chegaram em casa choraram mais ainda porque o sol tinha ido embora."

"Meu jeito de compartilhar com as crianças é construir coisas para elas brincarem, fazer cócegas nelas, cozinhar e explicar como se faz o lanche. Percebi que meu Pai tinha comigo o mesmo jeito e isso me faz sentir ele menos longe. Também acho importante aprender com os outros, a Ale é muito doce com as crianças e fico surpreso. Ela fala “não pode” sem ficar brava, a criança chora 10 segundos e depois esquece... (esquece que não pode rs)"


25/ março/14
Visita à exposição de Ron Mueck no MAM










"Raul estava enlouquecido tentando seguir os outros, ou não, fazer um caminho próprio, mas na velocidade dos outros, e acabava dando 5passos- 1queda- 5passos- 1 queda... mas não parava! E nem reclamava com as quedas! Seguia firme adiante! Vicente vez por outra tentava contê-lo: “Não vai aí que tem cocô!”, sem sucesso...(Relato Maria)

Fevereiro/2014


A história da CasaEscola iniciou em junho de 2013, nossos primeiros passos foram num grupo de estudos que durou 8 meses. Foram 8 meses programando, imaginando, reunindo desejos e expectativas de cada pai e mãe envolvido.

Desde fevereiro deste ano estamos, finalmente, praticando a nossa Escola!
Começamos num mês quente!




“Deixamos todos os dias a piscina e bacias com água e brinquedos montadas na área. Eles entenderam o processo de antes de entrar em casa ter que secar os pés para não escorregar. Tiveram alguns momentos de anarquia, é claro, (rsrsrs) e com isso alguns tombos leves, escorregões e também almofadas molhadas (pela Poli, que em vários momentos se recusava a aceitar as regras. Uma figura!)” (Relato Geisa)


Apesar de já nos conhecermos bem, foi um mês intenso de adaptações em todos os sentidos. No processo de ressignificação do espaço íntimo Casa para espaço coletivo Escola, na rotina, principalmente dos pequenos, na compreensão deste espaço e do lugar que cada um ocupa nele, tanto para nós adultos quanto para as crianças.

Um mês muito importante! O primeiro... de muitos! Assim esperamos :) 

 



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