domingo, 5 de julho de 2015

Oficina de Boizinho!


Adultos e crianças reunidos pra construir um pedacinho da cultura brasileira no nosso espaço-tempo da atualidade. Resultado - 8 boizinhos lindos e coloridos rodopiando no nosso terraço e que venham outros!












Mas essa história começou antes!




Tudo começou com Pai Francisco e Mãe Catirina...
Personagens da lenda do Boi Bumbá, ou Bumba meu Boi, que começamos a ler nos últimos dois meses com as crianças. Lemos uma vez e foi o suficiente pra elas se apaixonarem pelo enredo e ficarem curiosas para entender cada detalhe. A partir daí começou a ser leitura obrigatória. Quase todos os dias alguém chega com o livro, cutuca nossas pernas e pede pra contarmos a lenda da mulher que queria comer língua de boi. Uau!

A Mãe Catirina está grávida e o Pai Francisco tem a missão de saciar um desejo seu que é o de comer a língua de um boi! E  Mãe Catirina não quer qualquer língua, quer a língua do boi mais apreciado de seu dono, já que os dois são escravos de uma fazenda às margens do Rio São Francisco em Pernambuco. Um boi que veio do Egito. Vixi! Vai dar confusão isso.

Pronto! Começaram as perguntas. As crianças querem saber quem come língua do boi, onde é o Egito, por que Mãe Catirina está com desejo e mil coisas.  A prosa segue até que alguém quer saber o que  Pai Francisco vai fazer agora. Voltamos pro livro e não é que  Pai Francisco pega o boi, mata e dá a língua pra Mãe Catirina cozinhar e comer. As outras partes distribui entre os outros escravos ficando só os ossos, os chifres e rabo. Claro que o dono fica muito brabo quando descobre e os dois são obrigados a fugir da fazenda. Depois de anos, com o filho já crescido, eles voltam pra fazenda pra se desculpar com o dono. O menino muito impressionado com sua história encontra os restos do boi e através de um sopro bem forte no rabo do boi consegue fazê-lo ressuscitar! Ufa! A meninada fica muito feliz nessa hora. Ajudam a soprar o rabo do boi com muita energia e dão risada com o boi colorido que aparece daí. 

Mas a nossa história continua assim -  uma das mães do Coletivo está fazendo um curso sobre cultura popular em SP e nesse curso ela aprende um monte de coisas sobre lendas, danças, brincadeiras, folclore etc. Com sua generosidade compartilha seus afetos e aprendizagens. Como estamos nos meses de festas nordestinas e tudo de bom acontece, ela propôs  fazer uma oficina com o grupo para que construíssemos nossos próprios boizinhos. Topamos!



Munidos de caixas de papelão, suco e leite, tecidos coloridos, fitas, cola e mil detalhes construímos, juntos com nossas pequenas crianças a nossa parte nessa história também. Depois de muitas risadas, e colas espalhadas pelo chão e pelos cabelos, começaram a aparecer as primeiras cores e movimentações. As caixas se transformaram em beleza e movimento. As crianças se aproximavam já seduzidas pelo encantamento. Beleza pura! 
E assim seguimos em nossas pesquisas e realizações.

O Brasil é muito grande e a diversidade do nosso coletivo também. Essa oficina nos possibilitou concretizar uma parte da lenda que as crianças estão apaixonadas e buscando entender mais descobrimos que a essência da lenda que enlaça a sátira, a comédia,  a  tragédia e o drama,  demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
A história é contada através de cantos e declamações, e os acontecimentos permeiam a vida, morte e ressureição de um boi. O boi é representado com alegorias muito coloridas, coberto por tecidos. Essa festa tem tem origem na cultura européia, africana e indígena e nós queremos seguir com essa mistura trazendo para o nosso coletivo todas as influências que permeiam nossa   ancestralidade







Semana que vem  tem Arraiá das Crianças com encontro de boizinhos! Vem com a gente.





Foi lindo o encontro! Maravilhoso poder transformar material que ia pro lixo em cultura. 



Ótimo ter a presença de amigos que nos acompanham em nossa rotina e que participaram conosco dessa celebração! Que sigamos nos encontrando e construindo uma realidade prazerosa e alegre para as crianças.






Para saber mais sobre a lenda - (http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-e-a-origem-do-bumbameuboi-e-o-que-ele-representa)

O Boi
Figura mitológica nas mais diversas culturas, o boi era visto por escravos negros e indígenas como companheiro de trabalho, símbolo de força e resistência. É por isso que toda a encenação gira em torno dele. A pessoa que veste a fantasia do animal é chamada de miolo e seus trajes variam bastante de uma festa para outra. Alguns abusam de paetês, miçangas e lantejoulas. Outros preferem bordados com menos brilho e mais cores.
Vaqueiro
Ao lado de caboclos, índios e seres fantásticos como o caipora (figura da mitologia tupi), o vaqueiro é um dos personagens coadjuvantes do bumba-meu-boi, mas consegue impressionar pelo figurino, principalmente o chapéu, sempre enfeitado com longas fitas. No enredo, ele é quem avisa o dono da fazenda da morte do precioso boi.
Dono da fazenda
Também chamado de amo ou patrão, é o senhor de engenho que, proprietário do boi morto, jura vingança contra o casal Catirina e Nego Chico e exige que o animal seja ressuscitado. 
Os músicos
Vários ritmos e instrumentos são utilizados: só no Maranhão há mais de cem grupos folclóricos.Os instrumentos mais comuns, porém, são os de percussão: tambores, pandeirões, matracas (dois pedaços de madeira batidos um contra o outro), maracás (uma espécie de chocalho) e tambor-onça (tipo de cuíca rústica, de som gravíssimo).
Nego Chico e Catirina
Depois do boi, são os personagens principais do auto. Representam um casal de escravos, ou de trabalhadores rurais. A personagem dela costuma ser interpretada por um homem vestido de mulher.