terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Princesa Alafiá

Domingo, 29 de novembro de 2015, teve encontro no MAM!

Casa Escola conheceu a história da Princesa Alafiá.
Não é uma história comum,  apesar de iniciar com o famoso "era uma vez". Essa história conta a vida de uma mulher negra que nascida na África onde vivia como princesa do Reino de Daomé, foi trazida para o Brasil e escravizada. A escravidão só serviu para mostrar o quanto era imprescindível estar com os seus e que não poderia desistir. Fugiu e foi viver num Quilombo, onde lutou, se apaixonou, aprendeu batalhando e segue construindo sua vida de maneira distinta e corajosa.

Mais do que uma princesa, nossa querida Alafiá é uma guerreira, uma transgressora. Não tolera a submissão, não esmorece na solidão, busca aliados junto aos seus, não espera que um homem venha resolver seus problemas em troca de juras de felicidade eterna. Alafiá é uma mulher  negra real, contemporânea nossa. Está nas favelas, na militância, nas universidades. Está transgredindo a ordem de que toda a princesa tem que ser loura de olhos azuis.


Alafiá nasceu do fruto de uma pesquisa de Sinara Rúbia (http://sinararubia.blogspot.com.br/2013/05/o-conto-princesa-alafia.html), educadora social  que estuda a influência da literatura na vida das meninas negras. Sua pesquisa inicia numa escola e o resultado,  crianças negras que não se reconhecem nos contos de fadas, a faz questionar e se recusar a reproduzir essas histórias que não representam grande parte da população brasileira.

A partir daí cresce a Alafiá, pois o conto se transforma em oficina, encontros, mais pesquisa, detalhamento de resultados... Cada vez que conta a história, Sinara se depara com o racismo forte, massacrante, iniciado tão precocemente na educação infantil. No início as crianças não querem a princesa negra, mas ao final da história já se entusiasmam e com o trabalho pós contação da história vão se apaixonando por ela e se reconhecendo naquela personagem.


Um trabalho importantíssimo que é desenvolvido em parceira com Ludimila e Paulo que compõem o Grupo Cultural Vozes da África (https://www.facebook.com/GrupoCulturalVozesDaAfrica/)
O grupo trouxe a história até nós para nos ajudar na caminhada para entender e combater o racismo no espaço e relações da Casa Escola.
Ludmila fez uma pergunta para nós: " O que vocês estão fazendo para combater o racismo?"
Acreditamos que já estamos fazendo alguma coisa quando olhamos para ele em vez de negá-lo ou fingir que não existe. Sentimos que precisamos de apoio e rede para nos guiar nessa caminhada para que cada estratégia seja coerente com o que acreditamos.
A apresentação da Princesa Alafiá e todo seu processo nos ampliou a escuta e a vontade de seguir construindo uma educação que realmente respeite e valorize todas as pessoas.
Para o nosso grupo de crianças as mensagens transgressoras que a história passa são muito elaboradas e abstratas, mas fica a representação de uma mulher negra contando a sua vida, afirmando sua força e isso é o mais importante nessa fase. Ter a representatividade negra garantida em todos os espaços, especialmente na literatura, brinquedos e mídias que chegam até as crianças.
Uma princesa negra nos foi apresentada. Que venham mais!
Parabéns ao grupo e obrigada!






2 comentários:

  1. Belíssimo trabalho. Imprescindível. Vida longa.

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  2. Ola queridos! é sempre muito bom poder ler/ouvir suas experiências... Sou letícia de Rio Claro/SP, aqui nos organizamos num grupo interessante também, que tem sido uma experiência incrível para todos nos! Vou deixar meu email, para conversarmos mais... Estou com planos de ir para o Rio de Janeiro, em dezembro, se vocês toparem uma conversa, um troca de experiências... Beijos

    Le_sepulveda@hotmail.com

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